Você é capaz de pagar US$ 37 mil (R$ 185 mil) em um produto único cobiçado por colecionadores? Ou manter uma coleção avaliada em R$ 1 milhão? Há quem invista em objetos raros pela exclusividade ou por puro prazer de possuir algo único.
A paixão por pops, bonecos fabricados exclusivamente pela norte-americana Funko, e por isso também conhecidos por Funko Pop, move uma legião de “malucos” que não se importa em pagar pelos mimos.
A Funko surgiu em 1998 nos Estados Unidos com a proposta de criação de bonecos em vinil. O primeiro lançamento foi um produto popular nos Estados Unidos, o mascote da rede de restaurantes Big Boy. Em 2005 a empresa mudou de dono e começou a fabricar personagens da cultura pop.
A virada de chave se deu a partir de contratos de licenciamentos com marcas como Disney, DreamWorks, DC Comics, Marvel, Lucasfilm, Sony, Nickelodeon, Cartoon Network, CBS, Fox, Netflix, Warner Bros, Pokémon, Sega, Activision e as ligas MLB (de beisebol) e NFL (futebol americano).
O Funko Pop surgiu em 2010 com o lançamento de bonequinhos mais cabeçudos, com o corpo fininho, que se tornaram os mais procurados da marca. O padrão obedece o tamanho de 9,5 centímetros. Mas, não ouse chamar os Funko Pops de ‘cabeçudos’ ou ‘cabeçudinhos’ perto de quem é fã do hobby. E não são poucos. A maioria não gosta do apelido popular dado aos itens.
João Paulo Guerra, paulistano de 43 anos, professor e comerciante, morador de Manaus, é um desses “malucos” que percorre o mundo em busca de novas peças. Em 2011 abriu uma loja, a Darth Paulus Store, na Rua Miranda Leão, Centro de Manaus. E em 2018 criou um clube restrito e exclusivo que hoje tem 168 membros em todo o Brasil. As vendas são liberadas apenas para os membros do clube.
O Darth Paulus Club é o maior grupo de colecionadores de pops do Brasil e América Latina. Para ser membro é necessário passar por uma entrevista. A loja é pioneira na venda de pops da Funko, que vêm direto dos Estados Unidos, adquiridos por Paulo em eventos e na loja oficial da Funko em Everett.
“São peças apaixonantes para se colecionar e vender também. Os pops são produzidos pela Funko, e eu sempre visito a sede geral deles em Everett nos Estados Unidos. Lá, você pode fazer o seu próprio pop. Eu tenho o meu personalizado pela Funko Store de Hollywood, em Los Angeles na Califórnia, a loja 2 da Funko”, diz João Paulo.
João Paulo tem 118 itens na coleção, que ele avalia em R$ 300 mil. “Mas nem pense que isso é muito. Alguns membros superam a casa de R$ 1 milhão de valor em sua coleção fácil”, diz. Especialista no assunto, Paulo afirma que alguns pops podem ser vendidos a U$$ a 37 mil, cerca R$ 185 mil.
Para o comerciante os pops mais fáceis e acessíveis aos colecionadores são os temáticos, de Star Wars, Marvel, Disney, Harry Potter, DC Comics, Naruto e DBZ. Os mais difíceis são os de eventos como a New York Comic Con ou o San Diego Comic Con. “Eu tenho que ir aos eventos para buscar os pops para os membros do clube”, diz o líder do grupo de colecionadores
“Para ser sincero não é muito fácil ser colecionador. A gente sofre às vezes. Mas amamos colecionar os pops da Funko”, afirma Paulo, que tem um sonho de consumo: “Meu desejo é um pops do Michael Jackson assinado pelo pai dele. Porém custa quase 16 mil dólares”.
Cenas memoráveis
A autônoma Lohanny Santiago, 32 anos, moradora de Brasília, disse que teve o interesse despertado quando a linha começou a fabricar bonecos de seriados famosos e filmes. “Passei a ter vontade de ter os personagens em casa, como lembrança. Muitas vezes são cenas memoráveis, épicas”, exatamente os mais difíceis de obter, na opinião da colecionadora.
Em razão dessa preferência, Lohanny tem 40 bonecos, mas não faz ideia de quanto vale a coleção. “Alguns são itens colecionáveis de edições limitadas comprada fora do Brasil, o que faz ficar mais caro”, afirma a autônoma, para quem cada aquisição tem um sentido especial.
“Tenho itens de edição limitada de Vingadores, aquiridos no Canadá; Minions em cenas de filme; Tigrão, todo em veludo, edição especial de Natal; e duas raridades do Mickey”, diz Lohanny, elegendo as “jóias de sua coleção”.
Homem de Aço
Foi por acidente que a professora Ana Paula Matos Pimentel, 37 anos, começou a coleção, com a compra de um Homem de Aço. “Foi mais ou menos no final de 2017. Estava conversando com uma amiga e ela mencionou que precisava trocar uma compra, pois percebeu que comprou repetido. Eu questionei o que seria e ela me falou sobre os Funko Pops. Perguntei se poderia ver e ela me enviou uma foto. Foi aí que adquiri meu primeiro pop”, conta Ana Paula.
Fã da cultura geek, para Ana Paula ter um personagens dos quadrinhos, animes, livros, games ou filmes materializado em forma pop virou uma diversão. “Eles são lindos e alguns até raros”, diz a professora, que tem 129 itens em sua coleção.
“Alguns pops podem passar de R4 5 mil, R$ 10 mil, R$ 20 mil ou até mais”, afirma Ana Paula, que é associada ao Darth Paulus Club e prefere os pops da franquia de filmes Star War. “Os que eu mais queria consegui há dois anos: Anakin Skywalker, Yoda e Obi-Wan Kenobi em Endon”.
“Desde 2018 participo de um clube de colecionadores em Manaus, o Darth Paulus Club, que tem vários membros. Lá conversamos sobre variados temas, jogos, animes, quadrinhos, filmes, música… Não é somente um lugar que eu vou para comprar, é um lugar onde você é bem recebido, atendimento feito pelo próprio presidente e dono do clube, com membros de diversas classes, com opiniões e pensamentos diferentes, mas que se reúnem para rir um pouco e falar de assuntos em comum”, diz Ana Paula.
Mãe e Filho
Silvia Souza, 45 anos, manipuladora de alimentos, começou a coleção a partir do hábito do filho, Mateus Hendell, 25 anos. “Eu o acompanhava nas compras e num desses passeios comprei meu primeiro pop, o Toy Story #518”, diz Silvia. “Fiquei impressionada com a beleza, a perfeição, os detalhes dos pops”, afirma.
Novos no hobby, mãe e filho têm, por enquanto, 100 personagens, mas não sabem quanto vale a pequena coleção. “Sei que pelo menos dois valem mais de R$ 2 mil, cada. Uma coisa que eu aprendi é que você tem que focarf em qual ou quais personagens irá colecionar, pois com o tempo eles são super valorizados”, diz Silvia.
“Os mais fáceis de colecionar são os regulares, os que não têm selo algum. Por isso, tem preços mais acessíveis e custam em média R$ 150. Os mais difíceis com certeza são os de eventos como a Comic Con. Alguns pops são feitos exclusivamente para esses eventos”, diz Silvia.
No momento, Silvia e Mateus querem adquirir pops da série norte americana Breaking Bad, que estreou em 2008 e teve a última temporada exibida em 2013. “Com o fim da série eles ficaram mega caros”, afirma a colecionadora.
Fonte: Amazonas Atual – Nenhuma violação de direitos autorais pretendida